Diversas cidades do Brasil, de capitais a pequenos municípios, têm incrementado a segurança pública com um novo olhar sobre um equipamento tradicional. O resultado é o que conhecemos como “muralha digital” ou “muralha eletrônica”.

Este é um sistema que integra recursos de vigilância, como câmeras instaladas em vários pontos da cidade, inteligência artificial (IA) e uma equipe de monitoramento em tempo real. Ele é usado para prevenir ou combater a criminalidade, ajudando a rastrear suspeitos em caso de roubo, furtos, placas clonadas, acidentes graves de trânsito e outros incidentes.

As muralhas digitais também podem ajudar a encontrar foragidos, fugitivos e pessoas com pendências com a Justiça.

A tecnologia empregada, porém, vai além do acompanhamento por vídeo — e os olhos atentos desses sistemas trazem preocupações já em debate por especialistas de setores como Direitos Humanos e cibersegurança.

Do que é feita a muralha digital?
A implementação de uma muralha digital varia de acordo com a cidade, o projeto e até o orçamento, mas pode incluir os seguintes elementos:

Câmeras de monitoramento;
Centro de operações ou equipe especializada da Secretaria de Segurança Pública;
Alerta que cruza informações de bases de dados e outros materiais;
Compartilhamento de informações entre forças de segurança;
As câmeras fazem a leitura de placas de veículos ou o reconhecimento facial. Elas são posicionadas em locais como entradas da cidade, vias públicas, parques ou praças, escolas e pontos turísticos, além de eventuais câmeras de viaturas e do uniforme.

Além disso, é possível fazer mais rapidamente consulta sobre pessoas desaparecidas, óbitos, veículos roubados e por procurados da Justiça, já comparando o resultado coletado em vídeo.

Fora a comparação com bases de dados de criminosos ou carros irregulares, esse tipo de serviço tem funções extras: em Curitiba, por exemplo, a Defesa Civil usa imagens para prestar socorro em casos como alagamento. Além disso, as gravações de vídeo podem servir ainda como evidência em investigações criminais.

Os projetos também podem integração o setor privado para monitoramento em grandes eventos — um jogo de futebol no começo deste ano resultou na prisão de um homem foragido há quatro anos por tráfico de drogas, identificado pela biometria do estádio.

Em algumas cidades, as muralhas contam com a ajuda da IA para “detecção automática de atividades suspeitas” e “reconhecer padrões e comportamentos incomuns”. Se o sistema for estadual, os centros de operação municipais podem ser integrados para facilitar o rastreio.

Alguns resultados da muralha
De acordo com dados oficiais do estado de São Paulo, onde a chamada Muralha Paulista foi oficializada em setembro de 2024 após meses em fase de testes, o projeto em suas diferentes implementações ajudou a recuperar 107 carros roubados só no primeiro semestre de 2024 na região do Grande ABC, sendo que o volume de roubos também caiu.

No ano passado, foram 19,3 mil detidos em todo o estado com o auxílio da tecnologia em diferentes casos. Ao todo, já são 10 mil câmeras inteligentes em uso em São Paulo, inclusive em cidades da região metropolitana.

 

Os argumentos principais das secretarias para implementar as muralhas digitais envolvem não só a precisão nas operações, mas também redução no tempo de resposta a alertas e redução nos custos com agentes, viaturas e logística.

“A tecnologia nos ajuda muito no dia a dia, pois permite alcançar informações que presencialmente os agentes de segurança não conseguem ter acesso, como o mapeamento dos lugares com os maiores índices de criminalidade”, explicou à agência estadual de notícias o secretário da Segurança Pública do Paraná, Romulo Soares.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

plugins premium WordPress